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Aprenda a falar não!

A cada dia mais, pais buscam suprir ausência com bens materiais, não ensinando a criança a lidar com a frustração

19 de Junho de 2017 4 comentários

Você sabe falar não para seu filho? Se sente culpado e deprimido quando não atende a um pedido dele? Pois bem! João Guilherme, 4 anos, nunca foi de pedir nada, é daqueles que dá tranquilamente para levar às compras e ao shopping, sem gastos extras. Quando tinha uns dois anos, estávamos em um supermercado, logo após uma data comemorativa na qual havia sido presenteado, e ele me pediu um boneco do Hulk, de 10cm e R$ 39,90, e eu disse "NÃO". Expliquei a razão, mas ele chorou com a negativa. E não foram poucas lágrimas! Confesso que dilacerei meu coração, não era algo caro, mas eu precisava ensiná-lo a lidar com a frustração e que existe o tempo correto para presentear... Estamos falando de tempo, não de data...

Foto: Arquivo Pessoal

A vida não nos dá tudo que queremos. O "não" tem papel indispensável no desenvolvimento da criança, para que se torne um adulto mais seguro diante das perdas... Nem sempre ganhamos no futebol, no videogame, na competição escolar, em sorteios, na vaga no mercado de trabalho. Ainda temos de lidar com a desigualdade social, em não sermos correspondidos no amor, a não termos o ponto de vista aceito... Enfim, a compreender o fato de nem sempre estarmos na zona de conforto. Ajudar nossos filhos a lidar com o "não" e fazê-los entender a razão os tornará mais resilientes. Desta forma, compreenderão a frustração e o caminho para vencê-la. Ao mesmo tempo, aprenderão a esperar, a entender que nem sempre terão tudo na hora em que querem.

No artigo “Corrija seus filhos”, citamos que, desde muito cedo, o ser humano necessita ser lapidado e os responsáveis por sua formação não podem negligenciar a obrigação de assumir o papel e colaborar neste processo. Nesta edificação, os pequenos estão à espera do "não", do “sim", do "pode", "não pode", do direcionamento... Dialogar e orientar são verbos de batalha.

A cada dia mais, pais abarrotam seus filhos com brinquedos, passeios, atividades e outros presentes... Querem suprir a ausência física com a oferta de bens materiais. Da mesma forma, quando estão próximos dos filhos não desejam cobrar, chamar a atenção, corrigir, se indispor... Acreditam desperdiçar o tempo juntos...Puro engano!

Presentear também é razão para educar. Sem exageros e com motivos! Aniversário, Natal, Páscoa e um mimo quando possível... Mais que saber lidar com o não, é indispensável que as crianças estabeleçam uma relação afetiva saudável com o que recebem, seja dos pais, dos amigos ou parentes... Assim, aprenderão a valorizar cada bem adquirido como único e especial.

Brinquedos não compram atenção, carinho, amor, educação, respeito ou ocupam a ausência dos pais. Da mesma forma, de nada adianta uma série deles se não há companhia familiar para desfrutá-los. Não tenha receio em falar não, mesmo que hoje seu tempo seja limitado para com seus filhos. Ensine-os a cuidar de seus pertences, a brincar sem destruir, a compartilhar seus brinquedos, a merecer o presente e a doar! Desta forma, teremos cidadãos mais conscientes de valores, solidários e menos egoístas! E, acima de tudo, felizes!

* Os textos só podem ser reproduzidos mediante autorização do autor e desde que citada a fonte

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MAIS 4 COMENTÁRIOS

Michele Gobbato

22 de Junho de 2017

Aqui também sainoa tranquilamente com.o Gui e não temos problema, sempre fomos sinceros com ele nessa questão e deixamos claro que não é sempre a questão do valor pois realmente as vezes o pedido quando acontece é valor barato, mas digo que nem sempre o que queremos no momento pode ser comprado ou é necessário, e agora com ele maior a consciência de valores (caro e barato) está partindo dele e as vezes quando ele vê algo que interessa ele olha o preço e fala "esse agora ta caro, mas no meu aniversário /natal/dia das crianças se ainda tiver você pode me dar?", pois ele sabe que nessas datas em especial o pedido é feito pois são ocasiões únicas, mas já teve coisas nevadas tbm pois além de serem caras sabia que não seria aproveitada. Nem sempre é fácil dizer não mas ele é necessário, e não somente para as coisas materiais, temos muito não a dizer na questão da educação, e atitudes, pois se deixarmos livre lá na frente a conta sai cara e o pagamento todos nós temos que fazer. É como digo prefiro ser chata agora do que sofrer lá no futuro Michele Gobbato

Regina

20 de Junho de 2017

É mais fácil dizer sim, mas é super importante dizer não!!!! Aqui sou bem dura com isso e na maioria das vezes resisto bravamente as carinhas de tristeza profunda e do choro sem fim, pois penso nos benefícios para a educação e formação das meninas.

Leandro Nigre

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Comigo também esta é a linha, Regina. Mas estou confiante e seguro que é a melhor decisão. E, se reconheço que não foi, não vejo qualquer objeção em recuar, me desculpar e explicar o motivo.

MARCOS JOSÉ

20 de Junho de 2017

Não vejo dificuldades em dizer "NÃO" aqui em casa! Claro que sempre justifico o não para mim e depois para Tarsila. Uma conversa é sempre bem vinda nessas horas.

Leandro Nigre

Compartilhando a paternidade ativa

Aposto na mesma tática. Antes de convencê-la, preciso estar confiante na minha decisão!

Pablo

19 de Junho de 2017

Confesso que tenho dificuldades em dizer NÃO. Mas educar é isso; um eterno aprendizado. Erros e acertos.

Leandro Nigre

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O "não" pode ter um peso de "sim" para muitas situações de formação de caráter, segurança e condutas...

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