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Criar e educar filhos cansa!

Vivemos a era da permissivismo e é exaustivo estar na contramão de um mundo que desvaloriza a instituição família

28 de Maio de 2017 9 comentários

Nesta semana me peguei olhando no espelho, ganhando alguns minutos de reflexão por ali. Vislumbrei um rosto cansado, com uma pequena bolsa de exaustão sob os olhos, acompanhado de um peso nas pálpebras, que me fez questionar: quantas vezes pisquei hoje? Não soube responder, mas certamente aquela sensação me levou a crer que foram poucas ou quase nenhuma. O meu esgotamento, em alguns dias, não se difere de muitos pais e mães que, além de seus afazeres profissionais, ativamente participam da vida de seus filhotes. Sabe por qual razão? Sobrecarregamos nossos dias de compromissos e, ao mesmo tempo, criar e educar, cansa. Assim como o ônus da responsabilidade.

Foto: Arquivo Pessoal

Meu filho João Rafael, de 2 meses, é uma bênção. É daqueles bebês quietinhos, que apenas resmungam para o atendimento de suas necessidades e, quando o choro vem, o clamor é de socorro pelas desconfortáveis cólicas. Sintomas estes que não acometeram meu primogênito, João Guilherme, de 4 anos, que até hoje raramente dorme uma noite completa, sem exigir qualquer tipo de atenção na madrugada. Sua instabilidade com o sono nos impõe divisão de tarefas, sobretudo neste período, no qual o bebê depende mais da mamãe e, muitas vezes, na madrugada a encontro sentada na cama, quase sem forças para abrir os olhos, mas oferecendo-lhe vida, por meio do leite materno. Quero ser como ela. Parece não se cansar! Como sabe administrar bem tudo isso! É mãe!

De comportamentos distintos, pelo menos por enquanto, cada um dos meninos demanda de mim um tipo de atenção. Enquanto o bebê começa a interagir, reconhecer e reagir ao som da minha voz, o mais velho direcionou meus olhares para sua exigência de visibilidade. Alguns retrocessos em seu comportamento ratificam esta afirmação e o entendimento deste processo me conduz para um direcionamento adequado. É como se ele gritasse e ecoasse aos quatro cantos: “Pai, estou aqui”, “pai, seja pai”.

Acertar é o meu propósito paterno. Mas nem sempre é assim... Muitas vezes, tomado pela exaustão, o grito vem. A voz imponente em determinadas ocasiões é necessária, mas não é acertiva quando o que os pequenos nos cobram é unicamente atenção. A paternidade e maternidade têm destas coisas e, saber reconhecer o erro e essencial para nos lapidar como seres humanos capazes de construir outros homens e mulheres melhores que nós. Porém, não seguir com a culpa é indispensável. Já dizem os especialistas que os que se entregam à ela, rendem-se à omissão e deixam de educar.

Compreender a mudança no ambiente familiar com a chegada dos filhos é fator primordial para a vida em harmonia. Aliás, “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”. E é exatamente assim como nos revela a composição “Como uma onda”, de Lulu Santos e Nelson Motta. Tudo muda...

Com o crescimento da prole, o casal pode não conseguir dispensar a mesma atenção um ao outro, a vida sexual já não segue a mesma rotina – é quase necessário agendamento, com data, horário e local – e no fim do dia nos vemos vagando como na série “The Walking Dead”. Zumbis à espera de uma cama aconchegante ou um canto qualquer para encostar e fechar os olhos. Se identifica? Calma, os com mais tempo de experiência nesta arte dizem que é só uma fase. Vai passar!

Na corrida contra o tempo, buscamos ofertar o melhor de nós... É exaustivo estar na contramão de um mundo que desvaloriza a instituição família, os valores morais, religiosos e quer suprir a necessidade dos filhos com bens materiais e “doutrinas perdidas”, que pulverizam pelas nações uma legião de seres humanos sem rumo, sem prumo...sempre à procura!

Vivemos a era da permissivismo, cheia de teorias, sobretudo as encabeçadas por movimentos que pregam “liberdade de escolha” pela criança desde o nascimento. Discordo! Por mais que respeite as individualidades, gostos e desejos dos meus filhos, e ainda busque nisso tudo as nossas empatias, preciso discipliná-los, dotá-los de valores, que mais tarde, em sua vida adulta, poderão ser moldados. Eles terão o tempo certo para suas decisões.

Tudo me parece mais uma tentativa de livrar-se do processo de educação. E por mais cansativo que seja, não desista, não se entregue. Busque equilíbrio, alimentação saudável, otimização de rotina, liquidez de sobrecarga nos afazeres, prática da atividade física, cuide do corpo e da alma e, lembre-se, se o fruto não cai longe da árvore, também é provável que seu estado revele a forma de cultivo. Vale o cansaço!

* Os textos só podem ser reproduzidos mediante autorização do autor e desde que citada a fonte.

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MAIS 9 COMENTÁRIOS

Teresa

30 de Janeiro de 2019

Ser mae cansa sim e muito sem demagogias e extremamente cansativo pra ambos mae e pai presentes. O não falar de uma mãe não implica em ausência de cansaço e sim em falta de ouvidos neutros e ombros compreensivos pra acomodar seus anseios medos dúvidas e cansaço extremo com a rotina e educação das crianças.

Bruno Santiago

03 de Junho de 2017

Mas tudo vale demais! Sinal que estamos nos entregando a melhor coisa do mundo: ser PAI!

Regina

01 de Junho de 2017

Adoro seus textos e sempre concordo com seus pontos de vista

Michele Gobbato

01 de Junho de 2017

Daqui a pouco estarei vivenciando a maternidade com dois, e fico me perguntando como será, sei que no final entre os erros e acertos nosso saldo é positivo, afinal educar, cuidar dá trabalho. Adorei seu post, parabéns ! Mi Gobbato

Fernando Alvarenga

30 de Maio de 2017

Isso mesmo, tento ser #PaiDeVerdade todos os dias. Sempre ao lado das nossas esposas guerreiras que realmente não cansam.

Tatiane Gallas

30 de Maio de 2017

É cansativo educar! Concordo em vários pontos do post, principalmente que precisamos orientar nossas crianças, há sim muito tempo para eles seguirem sozinhos. É preciso ensinar valores, ser o exemplo para que no futuro elas possam fazer suas escolhas acertadas.

Rogério

29 de Maio de 2017

Que bom encontrar pessoas que estão na mesma situação, aqui são dois uma de dois anos e um de cinco, tem dias que dá vontade de correr... Mas a realidade é que com o tempo vai ficando mais leve e as preocupações mudam... Força a todas e todos...

Rafael

29 de Maio de 2017

Eu costumo dizer que trabalhar é férias perto de criar um filho. Por isso inclusive temos que quebrar o preconceito do pai provedor, que trabalha o dia inteiro e está cansado demais para cuidar do filho, por isso relega tudo pra mãe, que "só" ficou em casa com a criança. Exceções talvez para pais que trabalhem em chão de fábrica ou em serviço rural, que aí é pesado mesmo ;)

daniel

29 de Maio de 2017

Me identifico com o texto Leandro, apesar de ter apenas uma filha também tenho meus dias de exaustão kkk. Realmente educar filho não é tarefa fácil e quando escolhemos ser pai ou mãe, devemos aceitar o pacote completo. Pacote esse recheado de alegrias, tristezas, momentos de cansaço e muito amor. Não podemos desistir nunca, afinal filhos são a nossa chance de fazer a coisa certa para um mundo melhor. Um abraço

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