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Pai, sai do celular!!!

Precisamos é correr, brincar, dançar, pular, cozinhar, orar... dialogar, verbos tão praticados em um passado recente

26 de Junho de 2017 7 comentários

Na sala de estar, dois filhos, um pai e, para roubar a cena, o celular. Quem não comete este pecado que atire a primeira pedra! Que tempos são esses na qual permanecemos em lugares sem realmente estarmos lá? Com o advento da tecnologia, melhoramos a comunicação externa e nos esquecemos de ampliá-la em nossos lares, presencialmente. À medida que deixamos a vida virtual invadir a rotina de nossa família, empurramos também as crianças para os smartphones, tablets, notebooks e outros dispositivos, fomentando a mesma prática.

Foto: Arquivo Pessoal

E, nesta navegação sem bússola, tentamos arrumar desculpas a nós mesmos! Estamos sempre respondendo a última mensagem, o email do trabalho, atendendo a um chamado desconhecido e nos esquecendo dos nossos. As crianças estão clamando por atenção, enquanto direcionamos nossos olhos para as telas, sempre à procura de algo, enquanto o real fica à deriva.

Esquecer o celular em casa é como deixar o coração, o cérebro e tudo que estes dois órgãos são capazes de proporcionar ao ser humano. Temos a sensação de ausência, de solidão... Levamos ao cinema, ao teatro, à igreja, à mesa junto das refeições, aos encontros com os amigos, às reuniões de família, ao playground, aos parques... E, assim, um vibrar nos rouba a presença, muitas vezes, sem volta...

Será que realmente precisamos estar tão antenados? Recentemente integrei a comissão julgadora do XI Fórum Juvenil, organizado pelas Soroptimistas, em Presidente Prudente, em parceria com Coordenadoria Municipal da Juventude. O evento é destinado a jovens de 15 a 19 anos, que cursem segundo ou terceiro ano do ensino médio, e é realizado a cada 2 anos. Na oportunidade, representantes de diversas escolas discorreram sobre a temática “A influência da era digital na sociedade: vantagens e desvantagens”.

Entre os principais desafios apresentados pelos adolescentes estava a reaproximação de suas famílias por conta da invasão da tecnologia em seus lares. Muitos relatos de isolamento dos membros, diálogo apenas pelo aplicativo Whatsapp, falta de integração nos ambientes de uso comum, como cozinha e sala. São jovens protestando pela conversa aberta, a comunicação, sentindo-se sozinhos, mesmo em meio a uma casa recheada de pessoas. Falta vida!

Sem pedir licença, a tecnologia tem avançado e não há qualquer manual de instruções para boas práticas de quando, quanto e como usá-la. Com nenhuma ou pouca restrição no ambiente doméstico, tem furtado silenciosamente o olho no olho, a oralidade e implantado deficiências nos relacionamentos. Pais levam os filhos aos playgrounds, estão preocupados com a captação de imagens e se esquecem do prazer gerado pelo lazer. Estão em bate-papo online enquanto as crianças correm ou mesmo ficam ao seu lado também com um dispositivo móvel na mão. Já perceberam como nossos quintais e ruas andam vazios?

O cenário virtual é hipnótico, altamente sedutor. Precisamos nos posicionar diante de nós mesmos e de nossos pequenos para que o uso da tecnologia seja racional. Perante o cenário mundial, da clemência de uma geração impactada pela internet, não podemos virar as costas e permitir que os pequenos sintam as mesmas necessidades daqui alguns anos.

Precisamos é correr, brincar, dançar, pular, cozinhar, orar... dialogar. Verbos tão praticados em um passado recente. Falar dos nossos sentimentos, dos nossos sonhos, dos nossos projetos como pais e família, do nosso amor... Não esperar datas comemorativas para postar a declaração em rede social. Abraçar mais, olhar na alma e alimentar o nosso e o próximo com verdades, realidades. Devemos deixar marcas, traços pelo caminho, provas reais da nossa existência, toque na pele e não em teclas. Que nesta trajetória para a disciplina, queiramos ensinar, mas também aprender. Nossa maior conexão é com a vida. Então, pai, sai do celular!

* Os textos só podem ser reproduzidos mediante autorização do autor e desde que citada a fonte

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MAIS 7 COMENTÁRIOS

Regina

02 de Julho de 2017

Eu tenho que me policiar mais. Quando saio nem ligo a internet, mas em casa...

Michele Gobbato

28 de Junho de 2017

Perfeito, quem nunca fez isso né, aqui estamos tentando ao máximo deixar de lado e tem dias que mal pegamos no celular enquanto estamos juntos Adorei seu post, uma ótima reflexão pessoal Michele Gobbato

Leandro Nigre

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Quem nunca? Obrigado, Mi. Seja sempre bem-vinda!

Valdirene Souza

28 de Junho de 2017

Interessante seu post, realmente me preocupo muito com isso e tomo cuidado para não ficar 100% online, aqui em casa celular não vai pra mesa, nem pra igreja, e na hora do filminho juntos deve estar desligado, meu filho também ainda não tem celular. Parabéns pelo texto.

Leandro Nigre

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Ainda bem que temos esta consciência, não é? Que bom que tudo caminha bem por aí...

@duasvezespai

27 de Junho de 2017

Um dos grandes desafios deste século é deixarmos de estar online para estar presente! Excelente texto.

Leandro Nigre

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Obrigado, Felipe. É exatamente isso!

adriano

27 de Junho de 2017

Cara! Mais um incrível texto, você tem uma facilidade com palavras! E sim, temos de colocar filtros em nós mesmos, sempre!

Leandro Nigre

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Obrigado, Bisker. Vindo de você, o elogio é triplicado! É isso aí, filtro, sempre!

MARCOS JOSÉ

26 de Junho de 2017

Aqui eu tenho me policiado com essa assunto! Raramente deixo ele por perto.

Leandro Nigre

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Marcos, Isso é muito bom...quando a gente tem esta consciência os resultados são sempre positivos...

Rafael

26 de Junho de 2017

Temos de buscar o caminho do meio, não há mal cada um ficar num canto fazendo suas coisas às vezes, mas essa não pode se tornar a regra. Há dias que estamos mais cansados que outros, mas com certeza nossos filhos merecem a melhor parte da gente :)

Leandro Nigre

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Concordo contigo, Rafael, o equilíbrio é indispensável...

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